quinta-feira, 3 de março de 2016

Como tudo começou....

Como tudo começou....


Bom, primeiramente, quero contar para vocês como foi o início da minha doença e como fui levando durante a minha vida. Minha infância foi extremamente normal, pelo que eu me lembre, até os meus 7 ou 8 anos no máximo. Sempre fui uma criança muito ativa, alegre, brincalhona, que comia de tudo, e que sempre teve pais maravilhosos e amorosos (claro que em todas as famílias existem problemas, atritos e confusões, mas pelo menos comigo, nada que me afetasse de forma impactante) que me deram muito carinho e amor. Tenho uma irmã mais velha, e somos muito unidas e sempre fomos companheiras uma da outra. Pelo que eu consigo me lembrar, eu vomitava quando criança sim, tenho lembranças nítidas de dois episódios de vomito em que lidei muito bem e não tive problemas nessa época.

Porém, quando eu tinha aproximadamente 8 anos, minha irmã pegou uma sinusite fortíssima, em que ela ficou muito doente, e ela tossia tanto mais tanto que vomitava tudo o que tinha comido. Eu acredito que de tanto ver a minha irma passar mal (acredito que ela ficou umas duas semanas bem doente) eu desenvolvi um medo/panico de passar ou ver alguém passando mal. Meus pais me contam que depois de um tempo, era só a minha irmã tossir que eu já corria para me esconder, sabendo que ela passaria mal. Eles não deram importância pra isso na época, achavam que era uma coisa natural, mas eu acredito que foi aí que comecei a desenvolver aos poucos o pânico. Não vou ficar aqui teorizando e colocando toda a culpa nos meus pais, pensando que se eles tivessem dado maior atenção ao problema, tivessem conversado mais sobre isso comigo, etc, as coisas teriam sido diferentes. Talvez seriam? Sim.. Mas aprendi a perdoá-los por isso a algum tempo. Realmente essa fobia é pouquíssimo conhecida e estudada, e eles não poderiam fazer idéia de que um simples mecanismo de defesa do organismo pudesse causar tantos estragos psicológicos. Eles são pais, e pais erram tentando acertar. Simples assim.

Emfim, após esses acontecimentos, me lembro de não ter mais problemas com relação ao vômito. Na verdade, eu não vomito desde aquela época, e nunca tive problemas gastrointestinais. Sempre me alimentei bem, nunca fui de comer porcarias ou coisas gordurosas, então era muito saudável. Mas quando eu fiz 16 anos, passei um dia comendo demais, almocei bem, comi doce, comi bolo cheio de chocolate, sanduíche de fast food.. Ou seja, tive uma má digestão enorme nesse dia, coisa que não sentia há anos. Comecei a sentir muita azia, má digestão e depois, náuseas. Foi aí que o transtorno ganhou forma e força. Comecei a entrar em pânico, suar frio, hiperventilar, tomar antiácidos, comecei a implorar para o meu pai para que eu não vomitasse, chorar.... Não vomitei, mas as consequências psicológicas após esse dia acabaram comigo.

Depois desse dia, meu estômago nunca mais foi o mesmo. Ele ardia, eu não sentia fome, tudo o que eu comia me deixava empanzinada, com sensação de estufamento, sem apetite. E por causa desses sintomas, eu sempre achava que estava prestes a vomitar. Consequencia? Literalmente parei de comer. Nessa época eu pesava 52kg, um peso super normal para uma adolescente, mas depois de tudo isso, cheguei aos 37kg. Sim, fiquei tão magra que cheguei até a parar de menstruar. Foi bem ruim essa época, não conseguia me olhar no espelho, porque eu odiava o que eu via, odiava aquela pessoa magra, encovada, pilhada, que até cheirava os alimentos antes de come-los. Tinha um namorado nessa época, que não entendia o que eu passava, e vivia me dizendo aquelas frases clichês, do tipo "vomitar faz bem", "gravida vomita sabia? Como você vai ter filhos?" "É só ir la no banheiro e deixar acontecer". Eu sentia tanto ódio dessas palavras que nem respondia, No fim terminamos e eu sofria muito ainda com esse problema.

No total, passei 3 anos de sofrimento intenso por causa da emetofobia. Muitos dias sem comer, crises de fraqueza, perda de peso, tristeza, solidão. Você sente vontade de comer de tudo, sente desejo por se alimentar bem, mas o medo é tão forte que ele consegue te impedir disso. A minha sorte é de que naquela época eu não tinha crises de ansiedades extremas, como tenho hoje. Eram mais controladas, só quando eu achava que ia acontecer mesmo, ou quando comia algo muito diferente, ou ia em algum restaurante novo. Aí passava horas acordada com medo até que a fome chegasse e eu pudesse respirar tranquila. Até que teve um tempo, depois que entrei na faculdade (sou nutricionista, acreditem) que fiquei mais tranquila. Perdi aquela vigilância extrema dos alimentos, passei a comer melhor, ganhei peso, aumentei a quantidade e diversidade dos alimentos. Engordei 9kg e realmente achei que ia conseguir superar aquilo tudo. Mas como a vida não foi feita para ser fácil, nem tudo foi um mar de rosas e levei não só uma rasteira, mas um verdadeiro hipon da vida!

Na próxima postagem eu conto mais para vocês sobre os desdobramentos da minha vida e como consegui encontrar o fundo mais fundo poço.. Mas não se preocupem, as coisas não estão tao ruins quanto parece... A esperança quase morreu, mas está viva ainda!

Um grande abraço a todos e me contem suas experiências aqui no blog!

Um comentário:

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